Como funciona a transição para o vegetarianismo?

6/7/2016     Vanessa Ferreira    

 
 

Os motivos para deixar de comer carne podem ser diversos. Seja por questão de saúde, religião, preocupação com o meio ambiente, questões éticas ou espirituais. Independentemente da motivação, é certo que uma alimentação baseada no consumo de alimentos de origem vegetal pode ser extremamente nutritiva e gratificante. Contudo, quem comeu carne a vida toda pode passar por um processo difícil na transição para o vegetarianismo. É uma tarefa difícil abandonar a dieta onívora, principalmente quando é preciso resistir ao primeiro convite para o churrasco.

A nutricionista Amarantha Ribas, especialista em vegetarianismo e veganismo, explica que o processo varia para cada pessoa. Para uns pode ser difícil abandonar antigos hábitos e resistir à “tentação da carne”, sendo necessário adotar a dieta da transição, em que a carne é abandonada aos poucos. Já outros conseguem iniciar a dieta imediatamente.

O ecologista Graham Hill, fundador da TreeHugger, em sua palestra “Why I’m a weekday vegetarian”, faz uma proposta para quem está no processo de abandonar a carne. Ele explica que por mais que haja a consciência do impacto ambiental e sofrimento animal com o consumo da carne, a dificuldade em abandonar antigos hábitos alimentares é justificável, visto que a alimentação é um processo complexo, que além de nutrir, envolve emoções e prazer associado ao consumo de determinados alimentos. Portanto, ele propõe que, a princípio,  a carne seja eliminada do cardápio durante, pelo menos, 5 dias da semana. Assim a pessoa ficaria livre para comer carne aos fins de semana se quisesse, ou seja, a pessoa se tronaria vegetariana 5 dias por semana. Ele explica que esse comportamento reduz mais de 70% no consumo de carne.

Para os que preferem ir com calma, já existe um termo para definir as pessoas que optam por excluir a carne em alguns dias da semana. Se chama Flexitarianismo. O termo foi criado na década de 90, nos Estados Unidos, pela médica especialista em alimentação e autora do livro “The flexitarian diet”, Dawn Jackson Blatner. Ela esclarece que “Essa é uma nova forma de comer que diminui a quantidade de carne sem excluí-la completamente. Você tem os benefícios da dieta vegetariana na saúde sem ter de seguir regras severas”.

Com o objetivo de conscientizar as pessoas do impacto deste consumo no meio ambiente, na saúde humana e na relação com os animais, foi criada a campanha “Segunda Sem Carne”, pelo ex-Beatle Paul McCartney. Em outubro de 2009, a campanha foi lançada em São Paulo, em uma parceria da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) com a Secretaria do Verde e Meio Ambiente (SVMA) da prefeitura e já alcança outras cidades brasileiras.

Amarantha explica que para o organismo não há problemas em se retirar tais alimentos de uma só vez ou aos poucos desde que o balanceamento da refeição seja feito de maneira correta. “Isto depende muito mais do tipo de personalidade envolvida e de sua motivação para a mudança. Há pessoas extremamente determinadas que mudam do dia para a noite enquanto existem sempre aquelas que precisam ir devagar durante a transição para que seu psiquismo se acostume com  a nova composição do prato”, esclarece.

“Comer não é apenas um ato físico. Muito além disso, é um hábito cultural e um apoio emotivo em muito casos e circunstâncias. Para retirar os alimentos de origem animal do cardápio necessita-se do  desapego de velhos hábitos. O impeditivo neste caso é apenas o processo emocional das pessoas”.

A nutricionista ainda esclarece que antes de iniciar qualquer mudança brisnca na alimentação, como o vegetarianismo, é importante procurar um profissional que entenda desse assunto para checar suas taxas de vitaminas e minerais. Ela esclarece que muitos de nós já trazemos deficiências e carências provocadas pela alimentação onívora de má qualidade e então, para que não culpemos injustamente o vegetarianismo num provável futuro, seria interessante resolvermos nossas pendências nutricionais antes começarmos as mudanças. “Recomendo ainda buscar o maior número de informações possíveis sobre o assunto antes de iniciar o processo. É tudo muito simples!”

Amarantha Ribas

Nutricionista, especialista em nutrologia. Realiza atendimento especializado para vegetarianos e veganos

Fontes:

Cláudia Silveira, “Divididos entre carnes e verduras surgem os flexitarianos”, agosto/2009. Disponível em: http://g1.globo.com/Noticias/SaoPaulo/0,,MUL1264898-5605,00 DIVIDIDOS+ENTRE+CARNES+E+VERDURAS+SURGEM+OS+FLEXITARIANOS.html

Graham Hill. Why I’m a weekday vegetarian: https://youtu.be/r9IWN1FFhFc

Nutriveg:www.nutriveg.com.br/o-uacuteltimo-passo-fazendo-a-transiccedilatildeo.html

Segunda sem carne - O que é a campanha?. jun/2011. Disponível em: www.segundasemcarne.com.br/o-que-e-a-campanha/

 



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