Crianças e adolescentes também sentem dor nas costas

19/5/2016        

Obesidade, sedentarismo, mochilas pesadas e uso prolongado de tablets e celulares podem causar tensão nos músculos 

 
Passar horas na mesma posição em atividades é um comportamento que prejudica não só a saúde vertebral dos adultos, como também das crianças. Eles costumam carregar mochilas pesadas e principalmente ficam horas em frente ao computador, e pior ainda, com o pescoço curvado ao mexer no telefone celular. 
 
A má postura em sala de aula é outro ponto a ser considerado para a saúde lombar infantil. Estudos apontam que boa parte dos alunos durante as aulas sentam com o tronco flexionado. Pesquisas também sugerem que 80% das crianças de 8 a 10 anos já apresentaram dor nas costas. Uma implicação que parece “coisa de pessoas mais velhas” também pode afetar as crianças, sobretudo diante dos hábitos modernos. 
 
O neurocirurgião e especialista em coluna Dr. Vinícius Benites diz que o posicionamento inadequado e vicioso dificilmente pode causar alguma sequela grave, porém é comum a criança apresentar dores na coluna e no pescoço de origem muscular. De acordo com o médico a melhor forma de deter a implicação e cuidar da saúde postural das crianças é o estímulo para prática de atividades físicas:
 
“Não há uma atividade que seja ideal para todas as crianças, portanto, a recomendação é que ela faça aquilo que lhe causa prazer e interesse. Apenas não está indicado musculação para crianças antes dos 16 anos. As atividades tem o poder de reforçar a musculatura assim protegê-la, diminuindo as dores”, pontua. 

 

Indicações de peso e de massa corporal devem ser consideradas na avaliação da dor lombar. O especialista explica que as meninas possuem maior incidência quando comparadas aos meninos. Quanto mais próximo dos 14 anos de idade e o aumento de massa corpórea (obesidade infantil) consequentemente crescem os sintomas de dores nas costas. 
 
O uso vicioso de tablets e celulares por tempo prolongado são prejudiciais para a coluna. Hoje as crianças e adolescentes costumam passar horas conectados com inúmeros entretenimentos que existem nos aparelhos eletrônicos. Os pais trabalham e nem sempre possuem tempo para inspecionar o comportamento contínuo que em algum momento irá apresentar implicações.
 
"Se o indivíduo não tiver um condicionamento muscular adequado, ou se ele tiver uma predisposição genética para desenvolver dores nas costas, então essa postura viciosa será suficiente para desencadear um quadro de dor nas costas, seja na lombar, seja no pescoço", ressalta o médico. 
 
O especialista indica o estímulo para a prática de atividades físicas, principalmente durante as férias. Estabeleça para o seu filho horários e permanência nas atividades, mudança de postura e ofereça alternativas de entretenimento. "Não há um limite de horas, mas a partir de 30 minutos na mesma posição, os problemas podem começar", recomenda. 
 

Atenção com o peso da mochila

 
Crianças costumam carregar livros, apostilhas e cadernos na mochila, o que preocupa a Academia Americana de Pediatria que considera o peso adequado a partir de 10% a no máximo 20% do peso corporal do estudante. O peso da mochila deve ser avaliado quando estiver vazia, o conselho é que não pese mais do que meio quilo.
 
O ideal é que as alças sejam acolchoadas, reguláveis e com largura mínima de quatro centímetros para se distribuir de maneira uniforme sobre os ombros. Vale a orientação aos pais sobre a conferência diária do que a criança está levando dentro da mochila e se realmente será utilizado durante a aula. A cartilha da Proteste junto a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) alerta que para o uso de mochilas com rodas o ideal seria que as escolas tivessem rampas e elevadores para evitar que as crianças levantem o material pesado. 
 
O tema virou questão de saúde pública, o que resultou num projeto de lei que está em trâmite no Congresso Nacional no qual estabelece o peso da mochila no máximo 15% do peso da criança ou adolescente. Após seu filho realizar a mudança de hábitos e postura no dia a dia e mesmo assim prosseguir com os sintomas de dor lombar procure o auxílio de um especialista para o diagnóstico preciso e início ao tratamento. 
 
Referências:
 
Portal Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), Peso das mochilas preocupa pais de estudantes e ortopedistas: http://www.portalsbot.org.br/peso-de-mochilas-preocupa-pais-de-estudantes-e-ortopedistas/
 
Potal uol Vya Estelar, 80% das crianças de 8 e 10 anos já têm dor nas costas; indicam estudos: http://www2.uol.com.br/vyaestelar/fisioterapia_escola.htm
 
 
 
 Dr. Vinícius Benites, Neurocirurgião especialista em coluna;
Ministra a disciplina de Neurocirurgia na Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM-UNIFESP).



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