Musculação na infância é saudável?

5/7/2016        

 
 

 

“Exercícios com um maior número de repetições e carga mais leve ou submáxima tendem a ser mais adequados pra essa fase”, indica educador físico

 
Quando bem orientada de acordo com a idade da criança a musculação apresenta excelentes resultados, sobretudo no ganho de força e resistência muscular no combate às lesões. Um revisão recente sobre o tema por pesquisadores do Institute of Training Science and Sports Informatics, na Alemanha, avaliou inúmeros estudos nas últimas décadas sobre o treino de musculação para meninas e meninos entre os 6 e 18 anos de idade e comprovaram a eficiência da atividade tanto para o gasto calórico, no combate a obesidade, como melhorias nas condições físicas. 
 
O educador físico, Rodrigo Poli, do Centro de Qualidade de Vida (CQV), considera a musculação na infância e adolescência saudável, desde que sejam respeitadas as condições físicas de cada praticante, levando em conta que o aparelho locomotor ainda está em formação. 
 
“A atividade tem se mostrado uma opção interessante para afastar crianças e adolescentes do sedentarismo, contribuindo para combater a obesidade, o aumento do tônus muscular, que pode contribuir para uma postura melhor e beneficiar a coordenação motora”, completa. 
 
O especialista afirma que não há idade específica para iniciar a prática da musculação, pois o treinamento varia de acordo com o estágio de puberdade em que o jovem se encontra. Leia também: O esporte como aliado contra o sedentarismo na infância.
 
“As, atividades de força e equilíbrio começam a figurar na vida dos jovens, geralmente, a partir dos 11 ou 12 anos de idade. Mas, existem certos cuidados, a fim de evitar lesões, como sobrecarga nas articulações. Adequação do programa de treinamento e dos aparelhos é de grande importância, sendo assim, orientação e acompanhamento profissional é imprescindível”, salienta. 
 
Quais são os exercícios liberados para crianças e adolescentes?
 
Por conta do aparelho locomotor ainda estar em desenvolvimento o educador físico adverte quanto à prática dos exercícios que exigem muito do corpo, geralmente aplicado para o ganho de massa muscular, estes devem ser evitados. “Deve-se respeitar o quadro evolutivo do corpo. Exercícios com um maior número de repetições e carga mais leve ou submáxima tendem a ser mais adequados pra essa fase”, indica. 

 Atividades físicas são medidas preventivas e necessárias no combate a besidade
 
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), alerta que 83% dos alunos em fase escolar assistem mais de duas horas de TV ao dia. Sem contar nas atrações que existem hoje, como a internet, games e celulares que incentivam ao sedentarismo. A pesquisa ainda sugere que 70% dos jovens possuem uma ou menos aulas de educação física por semana. 
 
 

Estudos confirmam: atividade física é tão importante quanto as demais matérias para o desenvolvimento cognitivo

 
A atividade física é enxergada no ambiente escolar de forma superficial e até menos importante ao se tratar do futuro e formação da criança quando comparada com as outras disciplinas.Quem ainda enxerga a educação física dessa forma, deve rever a opinião, pois inúmeros estudos comprovam que a atividade não só previne a obesidade infantil, como também favorece ao desenvolvimento de inúmeras habilidades sociais e importantes ao longo da vida da criança. 
 
 
Estudo realizado na Geórgia convidou crianças com excesso de peso entre os 7 e 11 anos de idade. Outras 60 crianças também participaram, mas estas ficaram na lista de espera para comprovar os resultados. Os integrantes durante 13 semanas do programa de exercícios tiveram melhor desempenho nos testes de controle, tarefas mentais que incluíam: organização, planejamento e elaboração de estratégias, assim como destaque em testes de matemática. 
 
Uma pesquisa em Kansas destinada ao combate a obesidade também desenvolveu testes escolares entre os alunos, onde foi associado a prática de atividade física e a aprendizagem das matérias. Participaram do estudo 14 escolas do ensino fundamental, em que os professores foram orientados a ensinar as lições usando os movimentos físicos. 
 
 
Para desenvolver as atividades os alunos usavam o corpo, por exemplo: ao soletrar uma palavra corriam até as cartas no chão para indicar. Ao mostrar a resposta de 2+2= 4 precisavam mover o próprio corpo até o bloco. Os resultados foram bastante positivos, nas escolas participantes 21,8% das crianças saíram do índice de obesidade e passaram a ter o índice de massa corporal adequado para a altura. 
 
O estímulo à prática de atividade física na infância, a partir da inserção no ambiente escolar, é uma questão de saúde pública. Ao se tratar da musculação entre as crianças ou a prática dos exercícios gerais o educador ressalta sobre as principais medidas preventivas: 
 
“Existem certos cuidados, a fim de evitar lesões, como sobrecarga nas articulações. E ao praticar a musculação, adequar o programa de treinamento e dos aparelhos é de grande importância, sendo assim, orientação e acompanhamento profissional é imprescindível”, conclui. Leia também: Infância hoje: embalada pelo "terror" da obesidade.
 

 
Participação do Educador Físico Rodrigo Poli
Atua no Centro de Qualidade de Vida (CQV)

Referências:
 
https://www.washingtonpost.com/national/health-science/physical-activity-may-help-kids-do-better-in-school-studies-say/2013/10/21/e7f86306-2b87-11e3-97a3-ff2758228523_story.html
 



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