Crianças devem ser crianças e ter o próprio Universo respeitado pelos adultos
As fantasias são fundamentais na infância. É por meio da imaginação que a criança se desenvolve e aprende. Mas esse Universo encantado da criança muitas vezes não é compreendido, ou pior, é desprezado pelos pais.
São essas fantasias que agem inclusive na construção do “ser” adulto. É importante que a criança vivencie seu mundo encantado; que conheça sobre os castelos; sobre os sapos que viram príncipes; sobre as bruxas que nunca vencem; sobre o reino dos leões; sobre cada princesa; é importante que a criança tenha liberdade para fantasiar e sonhar.
Lembro de quando era criança que vivenciei todas as fantasias que tive vontade. Tinha meu próprio Universo, acreditava em Papai Noel, adorava as histórias das princesas, lia os famosos gibis da Turma da Mônica e muitos livros clássicos. Lembro de ter me assustado assistindo no cinema a estreia de Jurassic Park (risos), muitos anos depois de pessoas terem se assustado com uma das primeiras projeções em tela grande no início do cinema. Adorava desenhos, falava sozinha, brincava, fazia comida de barro, adorava dançar ao som de Xuxa, fazia minha mãe afastar o sofá e pulava a tarde toda, sem contar em quantas vezes me encantei com a clássica história Alice no País das Maravilhas. Se eu resolvesse descrever sobre o meu Universo encantado ficaria horas escrevendo sobre as minhas “maluquices” de quando era criança. Sim, quando nos tornamos adultos, passamos a considerar nossas atitudes quando crianças malucas.
Crianças têm seu próprio mundo, não adianta dizer de um modo racional sobre algo que é comum como: “papai vai trabalhar porque precisa ganhar dinheiro”, o que é o dinheiro para a criança? Por que alguém é obrigado a fazer algo? Muitos pais e adultos próximos à criança não têm paciência de explicar com detalhes, respeitando as limitações infantis e o mundo de sonhos da infância.
Alguns pais dizem que seus filhos precisam conhecer a “realidade” da vida, por isso, enfaticamente afirmam: Papai Noel não existe; Essas histórias sobre princesas são mentiras; Sapos jamais viram príncipes; Leões jamais falariam, entre outras “abominações” adultas.
Alguns pais por motivos religiosos impõem sobre a criança objeções quanto ao seu mundo de fantasias quando a criança nem ao menos decifrou sobre a própria infância. Querem impor uma complexidade do mundo adulto em uma mente infantil.
Engraçado, já fomos adultos e achamos o Universo infantil “absurdo”, mas foi esse Universo que nos tornou o adulto que somos hoje. Tirar da criança esse mundo encantado é violento, é cruel, é o mesmo que arrancar páginas de um livro e ler com o sentido prejudicado. E quantos adultos temos privados de sua infância, seja pelos pais ou por situações mais complexas?
Crianças precisam ser crianças, precisam ter liberdade para serem crianças. Crianças devem sonhar, fantasiar, acreditar nas fantasias, podem e devem ouvir as suas próprias músicas mágicas, devem habitar em castelos, devem ser o que quiserem ser, podem e devem ter cores em seu mundo, todas as cores possíveis.
“Super fantástico, no Balão Mágico, o mundo fica bem mais divertido”. Que a infância continue incólume e que os adultos continuem com a infância em si.
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