Ansiedade infantil deve ser levada a sério

23/5/2016     Vanessa Ferreira    

 
 

O transtorno de ansiedade não é um problema exclusivo dos adultos

 

A ansiedade está presente em diversos momentos de nossa vida e com as crianças não é diferente. Algumas situações em que há muita expectativa ou mudança de ambiente como no primeiro dia de aula, a chegada de um irmãozinho, uma viagem esperada ou a tão esperada festa de aniversário podem desencadear o sentimento. Por outro lado, quando o frio na barriga dá lugar a comportamentos que atrapalham o rendimento escolar, o relacionamento com os coleguinhas ou as atividades diárias, é preciso ficar atento.

De acordo com o Centro de Atendimento e Pesquisa de Psiquiatria da Infância e Adolescência (Capia) da Santa Casa do Rio de Janeiro, estima-se que o número de crianças brasileiras com o transtorno tenha crescido 60% entre 2001 e 2011.

A psicóloga clínica Bárbara Rezende explica que é completamente natural que crianças sintam-se ansiosas mediante situações desconhecidas ou desafiadoras. Por outro lado, a médica explica que a ansiedade pode ser sinal de um problema psicológico, quando ela começa a afetar demasiadamente a vida da criança e interferir nas atividades do dia a dia, no seu comportamento e na falta de controle emocional para lidar com determinadas situações, principalmente aquelas que lhe causam frustração.

“A maneira mais fácil de diferenciar a ansiedade normal da ansiedade patológica é analisar se a reação ansiosa é de curta duração, autolimitada e se está relacionada a alguma mudança significativa que esteja ocorrendo momentaneamente na vida da criança.”

De acordo com a psicóloga, a ansiedade infantil pode causar tanto sintomas físicos como psicológicos. “Os principais sintomas físicos, chamados de psicossomáticos são: cansaço excessivo, dores de cabeça, choro frequente, insônia, náuseas, dificuldades para respirar, tontura e sensação de desmaio. Já os sintomas psicológicos sofrem variações de acordo com a idade da criança e com o tipo de Transtorno de Ansiedade que ela desenvolveu, mas os sintomas mais comuns são: sensação irracional de medo, muita insegurança, irritabilidade, isolamento social e dificuldades de concentração”, esclarece.

Qual é o motivo de tanta ansiedade?

Bárbara explica que diversos fatores podem colaborar para que a criança desenvolva a ansiedade, como os aspectos genéticos, que possuem sua parcela de culpa, além de histórico de problemas psicológicos ou um ambiente desfavorável para o desenvolvimento infantil saudável. Além disso, algumas crianças podem desenvolver ansiedade por questões físicas como doenças na tireoide e infecções.

“Para obter o diagnóstico é indicado que a criança passe inicialmente por uma avaliação psicológica, onde cabe ao psicólogo identificar se é um processo de ansiedade normal e passageiro ou um Transtorno de Ansiedade que exigirá cuidados médicos e acompanhamento psicoterapêutico.”

A psicóloga reforça que a participação dos pais, educadores e cuidadores são de grande valia para que o tratamento da criança seja bem sucedido e para isso é fundamental que a criança não se sinta julgada, mas sim segura, compreendida e amada. “Quando pais, psicólogos, médicos e educadores estão integrados e empenhados em colaborar com o tratamento, a chance de minimizar os sintomas e de uma rápida reabilitação aumenta consideravelmente", finaliza.

Psicóloga Clínica Bárbara Rezende

CRP 06/130188

Fontes:

ASBAHR.F.R Transtornos ansiosos na infância e adolescência: aspectos clínicos e neurobiológicos. Site:<http://www.scielo.br/pdf/jped/v80n2s0/v80n2Sa05.pdf>

CID 10 F41 Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde.

DSM IV Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais

 
 



comentários