A obesidade infantil: assunto mais do que necessário

22/7/2016        

 
 
 

OS ÍNDICES DE OBESIDADE INFANTIL SÓ CRESCEM COM O PASSAR DOS ANOS

 

 
Sempre se vê a obesidade infantil como tema em diversos meios de comunicação. Será que as pessoas conseguem ver a gravidade deste problema que assola grande parte das crianças ao redor do mundo?
 
A pediatra e endocrinologista infantil, Andreza Juliani, esclarece que não basta olhar para a criança e presumir sobre a sua saúde, “achando” que o excesso de peso é saudável. Para saber sobre as condições de saúde, é fundamental que a criança seja acompanhada por um pediatra, a criança precisará ser pesada, terá a altura medida e o Índice de Massa Corporal deverá ser calculado:
 
“O diagnóstico de obesidade é feito utilizando curvas de Índice de Massa Corporal que é a relação de peso sobre a altura ao quadrado, e em relação a esses índices, existe uma tabela para que se saiba se uma criança está dentro da normalidade, compara-se o Índice de Massa Corporal com a idade da criança, e então de acordo com essa curva é obtido o resultado.”
 
A especialista destaca que estudos realizados, mostravam que em 1975, entre a idade de 10 a 19 anos, 7,6% das crianças sofriam com o excesso de peso, essE índice em 2010 havia subido para 19%, deste número, 19% representando as meninas e 21% os meninos.
 
O artigo publicado pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, ressalta que de acordo com dados da Organização Pan-Americana de Saúde, entre os anos 1975 e 1997, a prevalência de obesidade subiu de 8% para 13% entre as mulheres; de 3% para 7% em homens e de 3% para 15% em crianças. 
 
A pediatra explica que a faixa etária de 5 a 9 anos de idade é a mais comprometida, sendo que as meninas nessa idade apresentam 32% de sobrepeso e 11,8% de obesidade: “Se a gente somar a faixa etária de 5 a 9 anos entre as meninas, resulta em quase metade da população que está acima do peso”. A médica acrescenta que entre os meninos de 5 a 9 anos de idade, a taxa de sobrepeso é de 34,8%  e de obesidade 16,6%, chegando a mais de 50%:
 
“Se a gente comparar gráficos desde 1975 até 2009, fica bem claro ver o quanto a prevalência de obesidade entre as crianças só tem aumentado, tanto entre meninos quanto entre meninas. Além da faixa etária de 5 a 9 anos, há também o gráfico do IBGE da faixa etária entre 10 e 19 anos, E ambém fica muito claro que é crescente o número de crianças que estão fora do peso adequado.”
 
O termo exógeno se refere a fatores externos que podem desencadear no problema de saúde. De acordo com o artigo Obesidade exógena na infância e na adolescência, o maior fator de risco para que uma criança desenvolva a obesidade é a obesidade presente entre os familiares, o que seria um resultado de fatores genéticos e de fatores ambientais, relacionados com a má alimentação. O mesmo artigo esclarece que o risco de uma criança ser obesa pode ser maior se os pais apresentarem o problema e é baixo, quando nenhum dos pais sofre com a obesidade.
 
A pediatra Andreza Juliani esclarece que é importante tomar muito cuidado ao se afirmar que a causa da obesidade é genética  e que existem algumas doenças genéticas que cursam com a obesidade, como é o caso da Síndrome de Prader-Willi, mas ainda assim, tratam-se de doenças raras, o que quer dizer que a ingestão alimentar e o sedentarismo, são as principais causas na maioria dos casos de obesidade infantil.
 
 

A EPIGENÉTICA COMO FATOR DE RISCO PARA A OBESIDADE INFANTIL

 

 
A especialista explica que os seres humanos têm em seu corpo o mesmo DNA para todas as células, a orelha, por exemplo, tem um DNA e a unha do pé, tem o mesmo DNA. Mas o DNA do pé, transformou-se em unha e o DNA da orelha em cartilagem, e essa diferença que gerou uma reposta em cada parte do corpo, é conhecida como epigenética, que também pode ser compreendida como ‘comportamento dos genes’:
 
“Porque há essa transformação, alguns genes presentes nesse DNA, são silenciados ou são ativos e isso vai depender da epigenética. Você tem o DNA igual, mas ele funciona em algumas partes, dependendo do lugar em que se encontra no corpo.”
 
A médica  destaca que quando se fala em hereditariedade da obesidade, deve-se levar em conta que a criança já recebe um DNA dos pais que pode ter algumas alterações da epigenética e que podem originar modificações no mecanismo de fome e de saciedade dessa criança, que sentirá mais fome do que saciedade e terá mais tendência ao ganho de peso.
 
A obesidade infantil não é assunto ultrapassado, é sério e demanda, inclusive, dos pais, mais atenção em relação aos hábitos dos filhos. Diversos males de saúde costumam acompanhar o excesso de peso como é o caso da diabetes, problemas cardiovasculares, pressão alta, entre outros. Por isso, é tão importante sempre discutir o assunto.

 
 
 
 
 
Dra. Andreza Juliani – Pediatra e endocrinologista infantil 
Fanpage: www.facebook.com/DRAANDREZAJULIANIGILIO
Site: www.doutoraandreza.com.br
 
 
 
 
Fontes
 
Congresso de Alimentação e Hábitos Saudáveis na Infância.
 
Prevenção e Tratamento da Obesidade Infantil. Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia: www.endocrino.org.br/prevencao-e-tratamento-da-obesidade-infantil
 
Obesidade exógena na infância e na adolescência. Realizado por: Maria Alerte M. S. Escrivão; Fernanda Luisa C. Oliveira ; José Augusto de A. C. Taddei; Fábio Ancona Lopez: www.jped.com.br/conteudo/00-76-S305/port_print.htm



 



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