A Importância de uma boa alimentação na infância

16/2/2016     Vanessa Ferreira    

O que as crianças comem na infância pode interferir nas escolhas alimentares na fase adulta
 
 

Não há dúvidas de que a alimentação saudável é fundamental para o desenvolvimento físico e intelectual das crianças. Estimular uma alimentação saudável desde cedo é extremamente importante para a saúde a curto e longo prazo.

A queixa de que o filho não come bem ou que tem preferência por “besteiras” é muito comum nos consultórios de pediatras e nutricionistas. A preocupação é legítima, visto que uma alimentação saudável pode reduzir o risco de doenças como anemia, obesidade, desnutrição, diabetes e hipertensão.

Os padrões de comportamento alimentar (escolha e quantidade de alimentos, horário e ambiente das refeições) começam a ser definidos na infância e, se forem transmitidas práticas saudáveis, estas tem maior probabilidade de se estenderem até a vida adulta”, explica Dyandra Loureiro, nutricionista do Centro de Obesidade Infantil do Hospital Infantil Sabará (SP).

A especialista afirma que os pais possuem papel fundamental na educação alimentar da criança. “Os pais são responsáveis pela comida oferecida, quando e onde elas são oferecidas. Desta maneira, se eles compram/oferecem itens saudáveis e são bons exemplos com relação à alimentação, a chance da criança adquirir bons hábitos é muito maior”, explica.

Apesar da importância de uma boa alimentação, muitos pais se queixam sobre a falta de tempo para preparar alimentos saudáveis e acabam optando pela praticidade dos alimentos industrializados e prontos, que , nem sempre são as opções mais saudáveis.

Dyandra acredita que a família precisa se organizar para que a alimentação seja adequada e esse cuidado deve ser redobrado quando a criança inicia a fase escolar, pois é o momento ideal para a educação alimentar. “Quanto tempo demoramos pra higienizar uma fruta? Quanto tempo demoramos para preparar um sanduíche saudável? Se pararmos para pensar, gastamos NO MÁXIMO 10 minutos. Caso os pais não estejam dispostos a acordar um pouco mais cedo para elaborar a lancheira, precisam se organizar para prepará-la ou adiantá-la no dia anterior”, aconselha.

A nutricionista lista alguns dos alimentos indispensáveis na lancheira dos pequenos:

- Energéticos (carboidratos): Fornecem energia para as atividades diárias, inclusive para o estudo, uma vez que o nosso cérebro utiliza apenas a glicose como fonte de energia. Com relação aos alimentos deste grupo, sugerimos sempre as versões integrais, pois como são ricas em fibras auxiliam no funcionamento do intestino, além de proporcionarem maior sensação de saciedade e energia de liberação mais lenta. Sugerimos o envio de uma das seguintes opções:

- Pães integrais ou Bolo caseiro simples (sem cobertura/recheio);

- Biscoito salgado ou doce integral (sem recheio) ou  Biscoito de polvilho ou Grissinis integrais;

- Cereais / Pipoca caseira / Milho cozido / Tubérculos cozidos ou assados;

- Torta caseira (frango/atum/queijo/etc);

- Barra de cereal sem cobertura e sem adição de açúcar/xarope de frutose.

- Reguladores (vitaminas e minerais): além de fornecerem vitaminas e minerais, auxiliam na sensação de saciedade e na hidratação, uma vez que possuem fibras e água na composição. Sugerimos o envio de uma das seguintes opções:

- Frutas (preferencialmente inteiras e com casca) higienizadas (maçã, uva, banana, pêra, morango, etc);

- Frutas secas/desidratadas;

- Suco de fruta natural ou polpa congelada – diluído em água e sem coar;

- Geleia de frutas 100% fruta;

- Frutas secas/desidratadas sem adição de açúcar;

- Legumes baby higienizados (cenoura, tomate, etc).

Construtores (proteínas): são responsáveis pelo crescimento e formação de novos tecidos, além de auxiliarem na sensação de saciedade. Sugerimos o envio de uma das seguintes opções:

- Queijos e derivados magros (por exemplo, requeijão light, cream cheese light, etc);

- Iogurte;

- Frango ou Peixe ou Carne (cozidos e desfiados);

- Leguminosas tostadas (soja, por exemplo).

Dyandra explica que o lanche da escola precisa ser completo, desta maneira deve conter um alimento de cada grupo alimentar. Além disso, é importante destacar que o lanche deve ser acondicionado em bolsa térmica, pois ela fará com que ele fique fresco e mantenha os nutrientes até a hora do intervalo.

Para estimular a criança a ter interesse por alimentos mais saudáveis, a nutricionista deu algumas dicas:

- Não limitar o cardápio só aos alimentos que a criança aceita, mas sempre incluir alguns itens que ela normalmente gosta.

- Variar os estímulos e oferecer o mesmo alimento de jeitos diferentes. As crianças também possuem aversões alimentares, mas para que seja caracterizado desta maneira, o alimento precisa ser exposta em média 8x de maneiras diferentes.

- Envolver a criança no processo de escolha e preparo das refeições.

Vale lembrar, no entanto, que para a maioria das crianças, a dificuldade de comer é uma fase passageira e caso os pais apresentem dificuldades em conduzir essa situação, existem profissionais habilitados para auxiliar esse processo.

Se os pais perceberem que a hora da refeição é um momento de sofrimento ou que a criança não está recebendo nutrição adequada, é importante procurar a ajuda de um especialista.  “Os pais devem buscar ajuda o quanto antes para evitar que o problema fique mais estruturado/consolidado, o que dificultará o tratamento. Em alguns casos, o tratamento é multidisciplinar, podendo contar também com psicólogos, endocrinologistas, fonoaudiólogos, etc”.

A nutricionista explica que o objetivo do tratamento é trabalhar a parte comportamental da criança. “Não existem alimentos proibidos, mas sim quantidade e frequência adequadas de consumo. Estabelecer um padrão alimentar saudável dentro de casa inclui a imposição de limites, mas quando a criança compreende o porquê e está envolvida no processo, os resultados são muito positivos”, finaliza.

Dyandra Loureiro

Nutricionista, pós graduada em Nutrição pediátrica, escolar e na adolescência.

CRN3 34980

Fontes utilizadas:

Sociedade Brasileira de Pediatria

Revista Endorfina

 
 



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