Raiva: é saudável expressar?

16/2/2016        

 

A força da raiva pode ser usada como defesa da integridade, alerta terapeuta

 

Expor os sentimentos nem sempre é uma tarefa espontânea entre muitas pessoas. Há quem prefere calar-se, pois consentir irá evitar maiores mágoas. Seria mesmo? O silêncio é o melhor antídoto no combate ao estresse emocional? Até que ponto calar-se diante das situações de injustiça fará com que nos desenvolvemos de forma madura. Vale lembrar que a raiva e discursos de defesa são também partes integradas da comunicação, da troca e do autoconhecimento. Eis a questão: calar a voz interior ou manifestá-la?

Estudo científico realizado em Harvard Study of Adult Development (Universidade de Harvard) divulga o lado positivo da expressão da raiva como parte inerente do convívio humano e participativo no amadurecimento. Grupos de homens e mulheres foram entrevistados e chegaram à conclusão de que pessoas que reprimiam suas emoções em determinado momento da vida profissional sentiam-se decepcionadas e impotentes. Por outro lado, àqueles que permitiam expressar os sentimentos e até frustrações além de obter maior aproximação com familiares e amigos tornaram-se bem sucedidos na carreira profissional.

A pesquisa levanta a questão sobre o estímulo da reflexão interior. Quando expressamos um sentimento também ouvimos a voz que está dentro de nós e assim avaliamos a própria conduta. Afinal, o que poderia melhorar no próprio comportamento, colocando-se também na posição de quem ouve. Àqueles  que optam por guardar as emoções não compartilha por vezes o exercício do autoconhecimento.

O terapeuta Vinícius Francis considera a raiva uma manifestação que precisa ser ouvida e trabalhada para evolução pessoal:

“A força da raiva deve ser usada em prol da defesa de nossa integridade e sobrevivência, bem como, para nos impulsionar às atitudes de solução, estabelecer limites, impor condições, enfim, defender-se. Senso de injustiça ou indignação também é uma manifestação de raiva e como tal, precisa ser compreendida, nunca reprimida. Raiva reprimida vira ódio e esse, envenena”, orienta.

O especialista avalia o ato de sentir e ouvir o que o corpo quer manifestar sendo um exercício de alcance da maturidade e o espelho que nos faz enxergar o reflexo interior. “Entenda suas razões de estar com raiva e somente quando ela passar reflita sobre o próximo passo”, completa.  

Por que reprimir o que sente?

O profissional avalia esse comportamento como uma dificuldade de expressar o que sente, gerando assim conflitos que dificultam o processo de autoconhecimento. Existem formas de trabalhar a manifestação das emoções: “Conflitos são sempre um sinal de que há algo em você que precisa ser compreendido e resolvido. Às vezes o silêncio será um aliado nisso, já em outras ocasiões, a orientação de alguém devidamente preparado pode fazer a diferença e te ajudar a enxergar a situação com mais clareza”, esclarece.

Assim como inibir a raiva a todo custo pode trazer perturbações emocionais, expor excessivamente o que sente por meio de queixas é um mau sinal, explica o terapeuta:

“Em ambos os casos pode representar uma fuga, a pessoa se esconde dentro de si ou argumenta excessivamente sobre um problema para fugir da responsabilidade de tomar uma atitude a respeito. Manifestar-se é sempre positivo, desde que atitudes venham a seguir”.

Manifeste as emoções de forma saudável

 

O especialista assegura que não há regras no expressar das emoções, todavia expor o que sente contribuirá quando a emoção for compreendida: “Pessoas mais saudáveis emocionalmente são as que conseguem administrar seus sentimentos, emoções e reações. Sendo mais expressivas ou mais fechadas, no final das contas o que vai contar é sempre o eu-comigo, é como eu lido com o que sinto”, sinaliza.

A maturidade é um fator importante de acordo com o terapeuta e nesse caso está atrelada com o conhecimento sobre as próprias emoções, uma autoavaliação  reflexiva sobre os próprios comportamentos. Olhar para si como um exercício contínuo: “Quanto mais assertivo for consigo mesmo, mais será com os outros e com a vida externa”, completa. 

 

Referências: 

Revista Planeta online: http://www.revistaplaneta.com.br/quando-a-raiva-faz-bem/

BBC: http://www.bbc.com/portuguese/ciencia/020422_raivaae.shtml

 

Vinícius Francis, terapeuta metafísico

Especialista em terapia holística e psico-astral

Blog: http://os-filhos-da-alva.blogspot.com.br/

 



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