Quando tratamos de saúde física e emocional, além da alimentação e práticas exemplares da boa saúde não pode ser descartado o convívio profissional, o que também acarreta em diversas emoções, positivas ou negativas, mas que deixam rastros em nossa saúde. Quem precisa conviver com um líder inseguro e por vezes rude precisa encarar essa situação com inteligência emocional usando a sensibilidade e por ora a razão.
Levantamento realizado pela consultoria VAGAS Tecnologia aponta que 60% dos dez mil entrevistados consideram os líderes bipolares, enroladores e inseguros. Por outro lado, analisar o contexto em que o profissional é inserido e a dinâmica da empresa é um fator a ser considerado.
Pesquisa publicada no jornal Psychological Science cita que 37% dos subordinados (entre 54 milhões) já foram diminuídos ou boicotados pelos líderes e gestores. O estudo ainda ressalta que isso é comum ocorrer principalmente em casos de insegurança ou quando o ego é afetado.
No livro “Princípio de Peter” justifica-se esse comportamento devido a pressão que está em torno de um cargo superior, o que requer maior criatividade, conhecimento e sair da zona de conforto. Em entrevista ao NewScientist o físico Alessandro Pluchino afirma que um modo comum do líder comportar-se neste caso é responsabilizar os demais pelo fracasso e trapacear a si mesmo criando uma ilusão de progresso profissional.
A Rosa Matias é Mestre em Administração e Negócios e psicóloga traz à tona alguns fatores importantes na hora de uma boa gestão e o que implica hoje na deficiência profissional, que por consequência frustra, desmotiva e pode até mesmo trazer sequelas para saúde emocional.
“A maturidade nas dimensões tanto cognitiva, quanto psicológica contribuem fortemente para o sucesso de um líder. Contudo, o aspecto evolutivo da cultura organizacional interfere preponderantemente no desenvolvimento dos líderes. Logo, não é justo atribuir somente aos líderes o fracasso durante o exercício de sua liderança”, explica.
A especialista ressalta a importância não só de o chefe possuir a inteligência emocional, como também o funcionário para poder compreender o que o incomoda e buscar uma solução madura. Lista alguns fatores cruciais para uma boa gestão e convívio profissional:
1. Humildade: a arrogância é o fator que mais atrapalha o desenvolvimento de uma equipe, pois o líder que age com arrogância afasta seus subordinados, e afastando-os não consegue desenvolve-los.
2. Elevado conhecimento Técnico: da área que atua e do negócio em que atua. Aliás, quanto maior o conhecimento do líder maior deverá ser o grau de sua humildade.
3. Motivação: seguida de energia para colocar em prática o que precisa ser feito, levando em conta que agir exige planejamento, organização, controle dos detalhes, delegação para a pessoa certa, avaliação e feedback contínuo.
4. Resiliência: para recomeçar quantas vezes for necessário.
5. Educador de pessoas
6. Agradabilidade: ser capaz de deixar uma imagem positiva de si para todas as pessoas que atravessam seu caminho, não importando o lugar que ocupem na hierarquia.
7. Comportamento ético: posicionando-se em todas as situações com clareza, objetividade e transparecendo sua personalidade; ou seja, pensa, discursa e age conforme seus valores morais e suas crenças.
Quando é analisado o comportamento dentro de uma organização e o convívio entre os profissionais a especialista fala sobre a incompatibilidade, que são as diferenças comuns e saudáveis numa relação, como personalidade, percepção e aprendizado.
“A questão é o que fazemos ao lidar com essas diferenças, somos capazes de aceitar o outro? Somos capazes de propor uma negociação entre nossas ideias? Somos capazes de procurar não errar mais nas mesmas coisas que minam a confiança que o outro tem em nós? Estamos dispostos a fazer uma reforma intima e isto exige treinamento”, salienta.
O que seria um ambiente destrutivo de acordo com a psicóloga não gira em torno apenas dos conflitos e opiniões divergentes: “Um ambiente destrutivo não dá espaço para nenhuma das indagações anteriores. Reina a soberba, a insegurança e a resistência em mudar”, enfatiza.