A catarata congênita é adquirida desde o nascimento e provoca alterações no cristalino. Quando o bebê nasce com essa anomalia nos olhos os sintomas geralmente são opacidade, distorção e redução da luminosidade. As principais causas para a catarata congênita estão relacionadas a má formação do feto, irradiação, causas hereditárias, tóxica e infecciosa.
A melhor forma de prevenir a catarata na infância é através do “teste do olhinho” ou também conhecido como reflexo vermelho aplicado ainda na maternidade. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomenda que o diagnóstico seja feito antes do bebê receber a alta do hospital. Todavia, somente alguns estados no Brasil possuem esse exame no regulamento, não é considerada uma regra federal para todo o país.
O oftalmologista Dr. Tiago Prata comenta sobre alguns impasses quando a catarata não é diagnosticada na maternidade:
“A catarata pode atingir os dois olhos ou somente um. No caso de afetar um olho é mais perigoso por passar despercebido, pois o bebê com a outra visão costuma reagir aos reflexos de luz, ao movimento e consegue realizar reconhecimento facial não levantando nenhum tipo de suspeita entre os pais”, alerta.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) totaliza 190 milhões de deficientes visuais no mundo. De acordo com o órgão em 80% dos casos a anomalia poderia ser combatida através do tratamento precoce. Dr. Prata considera imprescindível a realização da cirurgia o quanto antes ao se tratar da catarata congênita: “É uma fase em que a criança precisa de estímulo visual bilateral para desenvolver a visão. O olho que tem catarata ele acaba ficando atrasado em relação ao olho saudável”, explica.
O médico diz que a cirurgia é feita com a remoção do cristalino e substituição por uma lente intraocular. Após o procedimento cirúrgico o especialista ressalta que o cuidado pós-operatório é essencial para saúde da visão do bebê: “Uma vez que se remove a catarata, a criança eventualmente pode ter a miopia, astigmatismo e outras implicações, portanto é importante corrigir o grau. O olho atrasado (amblíope) que está preguiçoso precisa ser estimulado. Em muitos casos é colocado tampão no olho saudável para forçar o olho atrasado”, recomenda.
Dados preocupantes
A OMS aponta que 2000.000 crianças em todo o mundo possuem cegueira provocada pela catarata. O número é ainda maior em países subdesenvolvidos em que o acompanhamento pré-natal e após o nascimento não é realizado do modo correto.
A lei que garante o teste do reflexo vermelho não é federal e constituída apenas em alguns estados brasileiros, como: Bahia, Mato Grosso do Sul, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.
O Sistema Único de Saúde (SUS) afirma que o teste está disponível em todos os municípios participantes da Rede Cegonha, mas o que preocupa é que 50% dos municípios não fazem parte dessa organização.
Sociedade Brasileira de Pediatria: https://www.sbp.com.br/arquivo/mais-saude-visual-para-as-criancas/
Prof. Dr. Tiago Prata
Professor Afiliado e da Pós graduação
Setor de Glaucoma-Departamento de Oftalmologia
Escola Paulista de Medicina-UNIFESP