Insônia pode ser fator de risco para diversas doenças

26/2/2016     Vanessa Ferreira    

Especialista explica porque passar noites em claro  pode prejudicar a saúde
 
 

Dormir é uma necessidade fisiológica, tão importante quanto comer e é indispensável para a renovação das energias. Uma boa noite de sono dá mais energia, reduz o estresse e melhora o bem-estar em geral. Já a privação de sono afeta todas as funções do corpo.

O psiquiatra Bruno Moura Lacerda, especialista em Medicina do Sono, explica que “o transtorno da insônia é uma patologia médica de grande  prevalência e importância para a saúde pública. O distúrbio  é  definido como a incapacidade em iniciar e(ou) manter o sono, ou despertar mais precoce do que o habitual com dificuldade em retomar o sono”.

Os problemas da insônia vão muito além do cansaço após uma noite mal dormida. Segundo o especialista, a privação do sono pode ser extremamente prejudicial à saúde, além de ser um agravante para doenças sérias. “As consequências dos distúrbios do sono estão fortemente relacionadas à má qualidade de vida das pessoas. Os sinais e sintomas de um sono não reparador, são: sonolência diurna, fadiga, déficit de memória, dificuldade de atenção e concentração, alterações metabólicas, cardiovasculares, dores musculares,  entre outros.  Os distúrbios do sono relacionam-se, ainda, ao aumento do risco de acidentes no trabalho e trânsito, além da propensão para o desencadeamento de doenças mentais e agravamento de outras doenças clínicas”, alerta o especialista.

A insônia é sem dúvidas o transtorno do sono mais comum, que interfere, de maneira significativa, a qualidade de vida das pessoas acometidas, sendo a principal causa da baixa produtividade e existem diversos fatores que podem contribuir para o transtorno. “A insônia possui etiologia multifatorial. Em geral, ocorre a associação entre os  fatores predisponentes, inerentes a constituição genética do indivíduo. Os  fatores  precipitantes, que ocorrem no meio em que o indivíduo vive, como por exemplo: a perda de um emprego, problemas financeiros, ruptura de relacionamento afetivo, entre outros. E os fatores  perpetuadores, que muitas vezes estão relacionados a  comportamentos e hábitos inadequados que impossibilitam a indução espontânea  do sono. Como por exemplo, cochilos diurnos, uso de bebidas alcoólicas, estimulantes,   alimentação copiosa no período noturno e atividades físicas extenuantes  à noite”, explica Lacerda.

Por outro lado, o especialista explica que é possível minimizar os problemas causados pela insônia com medidas simples de higiene do sono, tais como:

- Manter um ambiente agradável, com temperatura confortável, totalmente escuro e sem ruídos;

- Usar a cama somente para dormir. Evitar ver TV, comer ou ler na cama.

- Evitar dormir com um relógio próximo, pois este hábito pode gerar aumento da ansiedade e maior queixa de insatisfação com o sono;

- Evitar o uso de estimulantes como cafeína, bebidas energéticas, refrigerantes de cola, chocolate, cigarro e bebidas alcoólicas 4 a 6 horas antes de deitar;

- Realizar atividades físicas regularmente, evitando a prática 3 horas antes do horário de dormir;

- Realizar refeições leves no horário noturno, de preferência no mínimo duas horas antes de dormir;

- Estabelecer um horário regular para dormir e acordar, mesmo nos dias de folga.

Lacerda explica que é comum que em uma noite ou outra exista dificuldade em iniciar ou manter um sono reparador, mas quando a insônia se trona habitual e começa a interferir nas atividades cotidianas é importante buscar ajuda. Segundo o especialista, a insônia possui tratamento e a investigação da causa é extremamente importante para o seu sucesso. “A terapêutica possui como objetivo abordar as falsas crenças que o paciente possui, em relação a sua insatisfação com o sono, bem como avaliar a presença de    comportamentos e hábitos realizados pelo indivíduo que podem estar comprometendo sua qualidade de sono”, explica.

De acordo com o psiquiatra, boa parte das pessoas que sofrem de insônia desconhecem que o problema pode ser tratado, o que dificulta o diagnóstico. “Talvez, em virtude deste desconhecimento o paciente deixe de relatar suas queixas referentes a insatisfação com o sono nas consultas médicas, dificultando o acesso do profissional a informações que permitiriam o diagnóstico e tratamento adequado. Portanto, cuide-se ! melhore sua qualidade de sono e de vida, através de orientação médica especializada.”, aconselha.

Dr. Bruno Moura Lacerda

Médico psiquiatra, especialista em medicina do sono

CRM RN- 6807

Instituto do Sono e Transtornos Mentais

Referências:

Instituto do Sono: Insônia. Disponível em: <  http://www.sono.org.br/sono/disturbiosdosono.php>

Transtornos do sono: visão geral – UFRj. Disponível em: < http://files.bvs.br/upload/S/0101-8469/2013/v49n2/a3749.pdf>



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