Catarata congênita: Causas, sintomas e tratamento

24/5/2016     Vanessa Ferreira    

 
 
 

 A doença é a principal causa de cegueira infantil

 

Apesar da pouca frequência, a catarata congênita é um dos vários problemas de visão que podem surgir ainda no primeiro ano de vida dos bebês. A doença pode causar cegueira quando não tratada, mas a boa notícia é que catarata é tratável e de possível prevenção.

A catarata é uma lesão ocular que causa a perda da transparência do cristalino, uma lente responsável por focalizar a imagem na retina, o que dificulta a formação da imagem. A doença é comum em pacientes idosos, visto que a principal causa da doença é o envelhecimento, mas as crianças não estão imunes.

De acordo com a Dra. Rosa Graziano, presidente do departamento de oftalmologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), a criança está sujeita à ocorrência de dois tipos diferentes de Catarata: a congênita, presente no momento do nascimento, e a infantil, que ocorre no primeiro ano de vida, podendo mais estar relacionada a alguma causa específica, como traumas ou doenças sistêmicas. “As cataratas infantis apresentam melhor prognóstico visual por permitirem visão nos primeiros meses de vida, o período crítico do desenvolvimento visual”, esclarece.

Após o nascimento, a criança passa por diversos exames ainda na maternidade, que são extremamente importantes para a detecção precoce de algumas doenças, inclusive, problemas de visão. A principal forma de diagnosticar a Catarata Infantil é por meio do teste do reflexo vermelho, também conhecido por “teste do olhinho”, que deve ser realizado nas primeiras 24 horas de vida do bebê.

A especialista alerta que é importante consultar o oftalmologista caso o bebê apresente alguns sinais como leucocoria (reflexo pupilar branco), estrabismo, nistagmo (situação em que o olho apresenta movimentos não coordenados em diversas direções) e microftalmia (olho de tamanho menor que o normal).

Causas:

As causas para a catarata congênita são muitas, podendo ser uma consequência de uma infecção intra-uterina (rubéola, toxoplasmose, citomegalovírus), erros inatos do metabolismo como galactosemia e hipoparatireoidismo, como herança genética, em caso de síndromes genéticas ou adquiridas após traumas, radiações, efeitos colaterais de medicamentos e secundárias à uveítes. Ainda há a possibilidade de ocorrer em crianças prematuras.

Tratamento:

A especista recomenda o tratamento imediato após o diagnóstico, pois quanto mais cedo se iniciar a correção, melhores serão os resultados, visto que a visão da criança ainda está em formação. “O tratamento para a catarata congênita depende da localização e intensidade da opacificação, das alterações oculares associadas, do déficit visual ocasionado e da lateralidade da catarata”, complementa.

“O retorno da visão é gradativo e variável conforme o organismo da criança. Durante o período pós-operatório inicial serão prescritos colírios e medicações orais com antibióticos e anti-inflamatórios para prevenir infecções e reduzir o processo inflamatório facilitando a cicatrização”. 

A médica ressalta que os pais e familiares devem ser orientados desde o início que o tratamento da catarata congênita é longo, com possibilidades de complicações e alto índice de reoperações, mas o foco está na melhora da qualidade de vida da criança. “A reabilitação visual e inclusão nas tarefas diárias, escola e sociedade é o objetivo de todo o tratamento da criança”, conclui.

 

Dra. Rosa M. Graziano

Doutora em Oftalmologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Presidente do depto. de Oftalmologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo.

Fontes:

Revista Veja Bem – CBO

Sociedade de Pediatria de São Paulo

 



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