O daltonismo, também chamado de Discromatopsia, é um tipo de deficiência visual em que há a incapacidade de distinguir cores primárias como o vermelho e verde. O problema pode ser considerado um distúrbio genético, ligado ao cromossomo X.
O distúrbio recebeu este nome em homenagem ao químico inglês John Dalton, um daltônico, responsável pelos primeiros estudos sobre o daltonismo.
A oftalmologista Keila Monteiro de Carvalho explica que o daltonismo afeta células localizadas em nossa retina, que são responsáveis pela percepção de cores. “Para enxergar as cores, a pessoa necessita ter os fotoreceptores, que são as células da retina que recebem a luz. Portanto, os irmãos enxergam as cores por igual se tiverem os mesmos fotoreceptores, isto é, com a mesma capacidade genética de enxergar as cores”, explica.
De acordo com a especialista, os fotoreceptores formam uma camada única de células na parede interna do olho, sendo 2 tipos:
Bastonetes – visão noturna, distribuídos em toda a retina periférica;
Cones – visão diurna, distribuídos na mácula (região de visão central da retina) com 3 tipos de sensibilidade a cores, com pico de sensibilidade no azul, verde e vermelho.
Além das alterações de origem genética, que causa a alteração da percepção das cores, também é possível adquirir o problema devido a certas doenças. “Existem também defeitos de visão de cores adquiridos, isto é, dependentes de determinadas doenças que acometem a retina e/ou o nervo óptico”, explica a oftalmologista. Porem, esses casos adquiridos são bastante raros.
Tipos de daltonismo:
Keila explica que existem 3 tipos de deficiências de visão de cores, conforme o tipo de recepção alterada:
PROTAN: Cegueira congênita p/ vermelho. Este tipo de daltonismo é o mais comum, sendo caracterizado, principalmente, pela diminuição ou ausência total do pigmento vermelho. Nesse caso, o indivíduo pode enxergar tons de marrom, verde ou cinza.
DEUTAN: Cegueira congênita p/ verde. Nesse caso, o individuo não é capaz de distinguir a cor verde e os tons vistos são puxados para o marrom. Na imagem de uma árvore, por exemplo, não há distinção de cor entre as folhas e o tronco e sim uma pequena diferença de tonalidade.
TRITAN: Cegueira congênita p/ azul. Esse é o tipo mais raro de daltonismo. Nesse caso, o individuo é incapaz de enxergar as cores azul e amarelo. O azul aparece em tonalidades diferentes e o amarelo vira um rosa-claro. Eles não enxergam objetos na cor laranja.
De acordo com a especialista, a prevalência da deficiência de cores congênita tipo verde-vermelho (protan e deutan), que é a mais comum, ocorre em 8% dos homens e 0,4% das mulheres. “Há variação nos diversos grupos étnicos e o tipo de herança é chamada ligada ao sexo. Nas mulheres, que são heterozigóticas, ocorre expressividade variável dos gens, o que explica a diferença de visão de cores entre irmãs”. Ela explica que nos defeitos de visão de cores chamados tricromatismo (tritan) a herança é autossômica dominante, ou seja, nesse caso 50% os filhos serão afetados.
Atualmente, existem métodos eficazes para se diagnosticar a presença do daltonismo. Keila explica que o teste mais utilizado é o chamado “Teste de cores de Ishihara”, que foi criado em 1917 pelo professor Shinobu Ishihara.
No teste são expostas um conjunto de placas ao paciente, nas quais há pontos coloridos em intensidades diferentes e, ao centro, um numeral com uma cor que o daltônico não pode identificar, mas que é perfeitamente perceptível para quem possui a visão normal para cores.
Atualmente, não existe nenhum tipo de tratamento para o daltonismo. Contudo, um daltônico pode viver normalmente, desde que tenha conhecimento das limitações de sua visão. Inclusive, o portador do problema pode, por exemplo, dirigir, pois é possível observar a posição das cores de um semáforo, não sendo necessário identificar as cores.
É na idade escolar que surgem os primeiros indícios de daltonismo. Se você notar que seu filho está confundindo as cores, ou com dificuldade de distingui-las, principalmente as cores vermelho e verde, procure um especialista que irá realizar os testes necessários.
Fontes:
http://www.iorj.med.br/voce-e-portador-de-daltonismo-faca-um-teste/
http://www.scielo.br/pdf/physis/v24n4/0103-7331-physis-24-04-01229.pdf
https://linux.ime.usp.br/~atakata/mac0499/docs/Daltonismo_v3.pdf