TOC X Mania - Qual a diferença?

6/5/2016     Vanessa Ferreira    

 
 

Todos nós temos alguma mania que pode ser decorrente de superstições ou da forma como fomos criados, como quando batemos na madeira para afastar o azar, ou quando vestimos uma roupa para da. Isso é algo que faz parte da sociedade e da cultura na qual estamos inseridos. Porém, quando essas manias se tornam obsessões e compulsões que atrapalham significativamente a rotina e qualidade de vida, pode se tratar de um distúrbio de ansiedade chamado Transtorno Obsessivo Compulsivo, conhecido como TOC.


O TOC é um dos distúrbios de ansiedade mais comuns. Muitas vezes, é diagnosticado em estados avançado, quando a pessoa já não consegue mais levar uma vida normal. Isso porque muitas pessoas pensam que seu transtorno se trata apenas de uma mania estranha.


De acordo com a psicóloga Vanessa Ganzerli o TOC está relacionado a pensamentos negativos, que levam a alterações no comportamento, preocupações excessivas e medo. “Possui dois tipos de manifestações recorrentes: ideias obsessivas e ações compulsivas”.


Vanessa esclarece que as obsessões são ideias ou imagens que aparecem na mente repetidamente e independente da vontade, como pensamentos negativos. “São tão fortes que a levam a realizar ações de forma a evitar que esses pensamentos se concretizem. Essas ações são compulsivas e consideradas rituais, a pessoa se vê obrigada a realizar a ação, ou fica muito ansiosa pensando que algo vai acontecer e não consegue fazer outras atividades. Sempre que os pensamentos aparecem na mente a pessoa precisa realizar os rituais, podendo ocorrer várias vezes ao dia”.


Por outro lado, na mania, a pessoa apresenta comportamentos repetitivos gerados por crenças e superstições, como usar uma peça de roupa para dar sorte em determinadas ocasiões ou não passar em baixo de escadas. A psicóloga explica que esses comportamentos de mania são normais, não ocorrem sempre e quando ocorrem podem inclusive ajudar a organizar a rotina. “Porém, quando tais comportamentos se intensificam e passam a ocupar muito tempo de seu dia, então é preciso ficar atento pois pode ser uma evolução para o TOC”, explica.

 

“A pessoa que sofre de TOC pode estar confusa com suas ações, sente vergonha em compartilhar seus medos e pensamentos, pois, muitas vezes, são medos irreais, mas que ela não consegue controlar. Quando não consegue realizar seus rituais fica irritada, pois os rituais são formas de aliviar os pensamentos, então sente-se bem com o alívio, mas sofre por não ter controle sobre suas ações”.

 


O alerta:


A psicóloga explica que a melhor forma de saber se uma mania pode ser considerada TOC é perceber a intensidade e frequência em que ocorrem os comportamentos. É preciso se perguntar: Esses comportamentos ocorrem de forma a evitar alguma situação que provém de algum pensamento negativo? Qual a frequência com que isso ocorre? Quanto atrapalha seu dia?


“A pessoa com TOC apresenta comportamentos e rituais compulsivos, de forma a evitar que algum pensamento negativo ocorra. Os rituais atrapalham suas atividades, como não sair de casa antes de checar três vezes se todas as janelas e portas estão fechadas pois pode ser que alguém entre na casa”.


De acordo com a psicóloga, existe uma diversidade de sintomas do TOC, mas algumas vezes um comportamento é mais predominante. “A maioria das compulsões apresentadas no TOC estão em relação a limpeza, como lavar várias vezes as mãos; verificação ou controle, como conferir fechaduras; repetições, como entrar e sair de casa várias vezes; e sequência, como ordenar roupas por cor. Mas, é importante lembrar que só esses exemplos não são considerados TOC, somente se a intensidade for grande a ponto de atrapalhar a rotina e vida da pessoa”, esclarece.

 

“O transtorno é caracterizado quando se passe uma hora ou mais de seu dia entre os pensamentos e rituais, formas de evitar que os medos e pensamentos se concretizem. Isso causa sofrimento pois a pessoa não consegue controlar ou evitar tais pensamentos e comportamentos”.


Tratamento:


De acordo com a especialista, o tratamento para o TOC é psicoterapêutico e medicamentoso. “Muitas vezes a pessoa percebe junto do Psicólogo que existe uma dificuldade e sofrimento muito intensos, então é realizado o encaminhamento para um profissional da psiquiatria. Então o Psiquiatra avalia e realiza o acompanhamento medicamentoso junto do Psicólogo”.


A psicóloga explica que ambos os tratamentos são importantes e se complementam. Enquanto os medicamentos ansiolíticos irão reduzir os comportamentos obsessivos, o tratamento psicoterapêutico irá trabalhar nos mecanismos que ocorrem os pensamentos obsessivos e que levam a compulsão. Além disso, a psicóloga enfatiza que, durante o tratamento, o apoio e compreensão da família e amigos é essencial. Dessa forma, é importante que quem convive com pessoas que tem TOC, participem do acompanhamento terapêutico, conversem com o Psiquiatra e Psicólogo para entender as melhores formas de lidar, compreender e apoiar sem facilitar os rituais e comportamentos.


“Quem convive e cuida da pessoa com TOC deve estar atento aos sinais de recaída para gentilmente sinalizar, encontrar formas de auxiliar a pessoa a identificar sintomas apontando o que talvez a pessoa não percebeu ainda”.


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Psicóloga Vanessa S. Ganzerli

CRP: 06/121835

Dúvidas entre em contato www.vanessaganzerli.com.br

 

Fonte:


DSM IV (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais)


 



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