Blues puerperal: parece depressão pós-parto, mas não é

12/5/2016        

 
 

COMPREENDA SOBRE OS SINTOMAS DESTE PROBLEMA QUE ACOMETE 80% DAS MULHERES

 
 
A maternidade definitivamente não é um mundo encantado como muitas mulheres acreditam por meio de revistas, comerciais de TV, filmes ou novelas. O ato de gestar uma criança leva a inúmeras mudanças físicas e psicológicas que merecem atenção. De uns tempos para cá, tem se falado com frequência sobre um fenômeno recorrente entre as mulheres que acabaram de dar à luz: trata-se do Blues Puerperal.
 
O blues puerperal pode ser tratado também como uma “tristeza materna”. Segundo a matéria Tristeza materna X Depressão pós-parto, a tristeza materna pode ser facilmente confundida com depressão pós-parto pelo fato de as diferenças serem muito sutis. A tristeza materna seria uma condição natural, já a depressão diagnosticada demanda acompanhamento psicológico ou até mesmo intervenção medicamentosa.
 
A psicóloga e terapeuta cognitivo-comportamental, Aline Aguiar, esclarece que o Blues Puerperal é um fenômeno que atinge 80% das mulheres e os sintomas se assemelham a uma depressão branda: enjoo, dor de cabeça, fadiga, irritabilidade, hostilidade, crises inexplicáveis de choro e isso costuma ocorrer entre o quinto e décimo dia após o parto e tende a desaparecer em alguns dias. O fenômeno é decorrente de alterações hormonais que acontecem após o parto para que haja a produção do leite, é uma adaptação do organismo para essa condição de não estar mais grávida:
 
“A rotina muda bruscamente e com isso, o cansaço, essa privação de sono na grande maioria das vezes, abala o emocional da mulher. Essa sensação de tristeza tende a diluir em torno de uma semana. Então o Blues Puerperal fica mais intenso na maioria das mulheres em torno de uma semana após o parto e em quinze e vinte dias tende a melhorar”.
 
O artigo Baby blues: a tristeza que chega com o bebê, apresenta o blues puerperal como um momento em que muitas mulheres podem se sentir frustradas e em que os sintomas mais comuns são: vontade de chorar por qualquer motivo, ansiedade, alterações no apetite e sensação de que não conseguirão dar conta do bebê.
 
A psicóloga destaca que mulheres que têm uma rede de apoio escassa, ou seja, contam com pouca ajuda, podem vir a desenvolver depressão pós-parto e por isso é tão importante ter pessoas acolhedoras por perto.

A matéria Melancolia pós-parto ou blues puerperal, destaca que o nascimento da criança vem acompanhado de alegria e exaustão ao mesmo tempo. Depois do parto, muitas mulheres podem vir a se sentir melancólicas, tristes e com alterações de humor, o que se configura em um caso de blues puerperal ou como também é referido, baby blues.

A especialista explica que se depois de trinta dias após o parto o blues puerperal não se dissolver, não diminuir, pode-se pensar em depressão pós-parto e neste caso, é fundamental que haja acompanhamento psicológico e até mesmo psiquiátrico para cuidar deste problema. 
 
 
 

DEPRESSÃO PÓS-PARTO

 
 
Dentre os fatores de risco para o desenvolvimento da depressão pós-parto, a especialista destaca: “Pessoas que já tiveram antecedentes de problemas psicológicos, uma crise depressiva ou diagnóstico psiquiátrico, merecem mais atenção, assim como um caso de crise conjugal ou uma morte de um ente querido, que também pode afetar o estado psicológico”.
 
A psicóloga também explica que outros fatores, além dos já mencionados, podem desencadear em um caso de depressão pós-parto: “Pessoas que não queriam a gestação e pessoas que não fazem as duas primeiras consultas no puerpério (uma entre sete e dez dias após o parto e outra em torno de trinta, quarenta dias)”.
 
A especialista esclarece que nas primeiras consultas após o parto, são avaliados os sinais vitais da mulher e há problemas de saúde que podem trazer a impressão de que se trata de um caso de depressão pós-parto, como é o caso da anemia: “A recusa em cuidar e se aproximar do bebê também pode se configurar em depressão pós-parto e a tristeza e a irritabilidade constante, após os trinta dias de blues puerperal”.
 
É sempre importante que a mulher que acabou de dar à luz esteja informada sobre possíveis alterações físicas e emocionais e que as pessoas próximas auxiliem na observação do comportamento da puérpera.

 
 
Aline Melo de Aguiar - Psicóloga; coordenadora do espaço AMA; doutora em Psicologia Social (UERJ) – foco em desenvolvimento infantil, gestação e parto; mestre em Psicologia Social (UERJ); especialista em Atenção Integral à Saúde Materno-Infantil (UFRJ); terapeuta cognitivo-comportamental; facilitadora de grupos reflexivos de gênero, pelo Instituto Noos; especialista em intervenções precoces pela ABENEPI e terapeuta de família pelo Instituto Noos (em formação).

 
 
Fontes
 
CNGRAVIDAS. Congresso Nacional para Grávidas. 
 
Tristeza materna X Depressão pós-parto. Vila Mulher: www.vilamulher.com.br/familia/gravidez/tristeza-materna-x-depressao-posparto-8-1-53-222.html
 
Baby blues: a tristeza que chega com o bebê. Caderninho da Mamãe: caderninhodamamae.com.br/2014/09/baby-blues-tristeza-que-chega-com-o-bebe
 
Melancolia pós-parto ou blues puerperal. Baby Center Brasil: brasil.babycenter.com/a2100165/melancolia-p%C3%B3s-parto-ou-blues-puerperal



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