O momento especial do parto e a importāncia do trabalho das doulas

3/5/2016        

 
 

FIQUE POR DENTRO DOS MÉTODOS ALTERNATIVOS PARA O ALÍVIO DAS DORES DO PARTO

 
 
O estudo Natureza e Maternidade no Ideário da Humanização do Parto, expõe que o parto e o nascimento são vistos tanto pelos alternativos quanto pelos profissionais de saúde, como eventos fisiológicos e naturais sobre os quais a medicina altamente tecnologizada teria agido transformando o que seria simples e sadio em algo complexo e patológico.
 
Para a doula Fabíola Benetti, no parto humanizado a mulher escolhe como quer parir, o que inclui os métodos para aliviar a dor nas contrações. A cuidadora também ressalta que há o mito de que a contração é dolorida, o que é realmente verdade, mas é importante que a mulher aceite a contração como “dor da vida” e não lute contra ela. A aceitação ocorre por meio de exercícios de respiração, por meio de movimentos, massagens, banhos (de chuveiro ou imersão), por meio de procedimentos que ajudam no alívio da dor das contrações, que podem fazer com que o trabalho de parto evolua de maneira mais tranquila, fazendo com que a mulher se sinta mais segura e a doula neste processo pode auxiliar grandemente já que orientará durante todo o trabalho de parto até mesmo quando forem necessários os procedimentos para o alívio das dores: “É importante respirar fundo, oxigenar o bebê. Oxigenar a si mesma, ficar tranquila e permanecer tranquila”.
 
 

PARTOS: QUAIS SÃO OS PARTOS ALÉM DO HUMANIZADO?

 
 
De acordo com o artigo Humanização da atenção ao parto e nascimento no Brasil: pressuposto para uma nova ética na gestão e no cuidado, a retirada do protagonismo da mulher a torna frágil e submissa a uma situação que a infantiliza, descaracteriza e violenta. E numa situação de fragilidade, o momento do parto passa a ser visto pela mulher com medo, por conta dos riscos de dor, de sofrimento e até de morte e assim, a cesariana passa a ser uma possibilidade de fuga e de proteção da dignidade, já que o parto normal costuma ser encarado como “degradante”.
 
Fabíola Benetti esclarece que o parto normal nem sempre é sinônimo de bom parto, já que nos hospitais, principalmente, costuma ser tecnocrático, repleto de intervenções médicas desnecessárias, que levam a mulher a se sentir frustrada após o momento que deveria ser o mais especial:
 
“O parto deveria ser algo especial, um momento único, mas nem sempre a mulher consegue lembrar do parto com carinho e é isso que tem ser resgatado e é isso que a doula faz. Tenta fazer com que aquele momento seja mais tranquilo, e muitas vezes não é um parto ‘romântico’ como aquele que se sonha”.
 
Outro ponto destacado pela doula é o de que cada mulher tem seu parto e que mesmo que se deseje um parto como o que alguém teve, vale refletir que nenhum parto será igual ao de alguém, porque cada mulher tem seu ritmo, porque cada pessoa é única.
 
 

ONDE PARIR? QUAL O LUGAR IDEAL?

 
 
No livro escrito pela psicoterapeuta argentina Laura Gutman, A Maternidade e o encontro com a própria sombra: o resgate do relacionamento entre mães e filhos, é frisado que quando há um acompanhamento humano, o parto pode ser doloroso, longo, cansativo e até mesmo pode envolver complicações, mas a mulher o atravessará fortalecida. Mas quando o atendimento não é humanizado, qualquer situação que envolva dor ou medo, se converterá na mulher em sofrimento e em sensação de desamparo, e a mulher terá de que se ocupar mais tarde do bebê, integrada ou destruída. 
 
A cuidadora explica sobre as opções de locais que as mulheres podem escolher para o parto como casas de parto, hospitais, domicílios e em casos de parto em casa, destaca que é fundamental que a mulher procure uma equipe domiciliar planejada para que haja total segurança, as equipes costumam envolver enfermeira, obstetra e doula.
 
Fabíola relata que seu segundo parto foi domiciliar e de que a foto de seu parto teve milhares de compartilhamentos no Brasil e no mundo, o que a orgulha, já que mostra para a mulher que ela é capaz de parir, o que pode fazer com que o modelo tecnocrático caia e que a mulher volte ao seu instinto, do que é ser mulher.
 
 

ALÍVIO DA DOR: MÉTODOS ALTERNATIVOS

 
 
Segundo o artigo Parto humanizado: um direito a ser respeitado, a dor é um fenômeno difícil de ser quantificado devido a sua subjetividade. A dor pode ser “insuportável” para uma parturiente durante o trabalho de parto e para outra pode ser facilmente tolerável ou até inexistir.
 
A doula orienta que para o alívio da dor, os métodos indicados são: movimentação, banho (imersão ou chuveiro), massagem, entre outros. Esses procedimentos simples ajudam a mulher a respirar e a relaxar, o que resultará em menos intervenções, já que tudo estará caminhando bem e nesse ponto, a doula tem um papel importante. Em casos de parto domiciliar, por exemplo, a doula vai até a casa da gestante, a orientará e se o desejo da mulher for pelo parto hospitalar, é a acompanhante que a orientará para a ida ao hospital no momento certo: “As mulheres se mostram em sua maioria ansiosas e não sabem que neste momento do parto, ter uma doula pode ser muito importante“.

 
 
Fabíola Benetti - Doula
Fanpage: www.facebook.com/ventreecores

 
 
 
Fontes
 
CNGRAVIDAS – Congresso Nacional para Grávidas: cngravidas.com
Natureza e Maternidade no Ideário da Humanização do Parto. Estudos Feministas 10 (2) 2002, p. 483-492: periodicos.ufsc.br/index.php/ref/article/view/S0104-026X2002000200016/8856
 
PASCHE, D. F.; VILELA, M. E. de A.; MARTINS, C. P. Humanização da atenção ao parto e nascimento no Brasil: pressuposto para uma nova ética na gestão e no cuidado. Revista Tempus Actas Saúde Coletiva, Brasília, v. 4, n. 4, 2010.
 
GUTMAN, Laura. A Maternidade e o encontro com a própria sombra: o resgate do relacionamento entre mães e filhos. Tradução Luís Carlos Cabral. 7. ed. Rio de Janeiro: BestSeller, 2014.
 
MATEI, Elizabete Martins; CARVALHO, Geraldo Mota de; SILVA, Maria Beatriz Henrique; MERIGHI, Miriam Aparecida Barbosa. Parto humanizado: um direito a ser respeitado. Cadernos: Centro Universitário São Camilo, São Paulo, v. 9, n. 2, p. 16-26, abr./jun. 2003.



comentários