Mamadeiras e chupetas podem prejudicar o aleitamento materno

3/3/2016     Vanessa Ferreira    

 
 

Aqueles momentos em que o bebê está com cólica ou algum desconforto desestabiliza toda a família, pois é praticamente impossível acalmar o bebê. Muitas mães recorrem ao auxílio da chupeta, que, de certa forma, acalma o bebê e a mãe. Contudo, este hábito aparentemente inofensivo pode ser altamente prejudicial à saúde do seu filho.

Diversos estudos mostram a associação entre uso da chupeta e menor duração do aleitamento materno. Segundo a pediatra e Consultora Internacional de Amamentação Kelly Oliveira, isso ocorre por que “a forma com que o bebê suga a chupeta e a mamadeira é completamente diferente da forma com que o bebê suga o peito. O tempo gasto sugando a chupeta, por exemplo, leva também a um menor tempo no peito, e a introdução da mamadeira pode levar ao desmame, pois o bebê deixa de estimular o peito a produzir leite, além de preferir o fluxo contínuo e fácil da mamadeira”.

Além disso, a pediatra explica que o uso prolongado de bicos artificiais como a chupeta pode estar associado a diversos problemas dentários, como mal oclusão dentária, mordida aberta, respirador oral, entre outros. 

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) o uso de bicos e chupetas não é recomendado desde o nascimento, pois o tempo de duração do aleitamento materno influi diretamente na saúde do bebê e da mãe e não há vantagens em se arriscar o sucesso do aleitamento.

Outro contra em relação ao uso da chupeta é o momento de incentivar a criança a abandonar esse hábito. Kelly explica que a criança deve abandonar a chupeta no máximo até os 3 anos de idade e esse não pode ser o único consolo da criança. “Para retirar a chupeta é necessário começar o quanto antes, para que não seja um instrumento de barganha mais pra frente. Comece utilizando com menos frequência, não ofereça a chupeta e não deixe à vista da criança”, aconselha. 

E quanto a mamadeira?

O uso da mamadeira é um tema polêmico. Ao mesmo tempo em que alguns médicos não recomendam o uso, outros  não consideram um problema, desde que não vire um hábito. Por outro lado, em alguns casos, a mamadeira é uma boa aliada na alimentação de bebês que não podem ser amamentados pela mãe, seja por motivos de saúde, falta de leite ou ausência da progenitora.

Contudo, não há dúvidas, de que, assim como com a chupeta, o uso excessivo de mamadeiras pode prejudicar diversas funções do bebê, como a fala, dentição e até o seu desenvolvimento psicológico. Além disso, mamar no peito é muito importante para o desenvolvimento da mandíbula e demais ossos do rosto, dos músculos da mastigação, da oclusão dentária e da respiração de forma adequada.

“São inúmeros os benefícios do aleitamento materno. A amamentação diminui a mortalidade infantil, reduz o risco de doenças infecciosas na infância, como pneumonia, otites, diarreia. Além disso, reduz o risco de doenças a longo prazo, como diabetes, obesidade e até câncer no futuro”, reforça a especialista.

A médica explica que a mãe também se beneficia do aleitamento materno. “Em termos imediatos existe uma melhor recuperação pós parto, com auxilio na involução do útero, menor risco de sangramento, recuperação do peso após o parto mais rapidamente (amamentar emagrece!), e funciona como método contraceptivo de lactação e amenorréia. A longo prazo, amamentar para a mamãe diminui o risco de câncer de mama, ovário e útero e diminui o risco de diabetes mellitus tipo 2.  Além de tudo isso amamentar é um ato de amor que estreita o vínculo mãe bebê, e um momento único! Amamentar só tem benefícios para a mãe e o bebê”, enfatiza.

Por essas e outras razões é importante que a mãe tente todas as possibilidades de oferecer o leite materno antes de introduzir a mamadeira, pois o bebê pode se acostumar com o bico artificial. Quando não há a possibilidade de amamentar, é recomendado utilizar um bico fisiológico ou ortodôntico, que oferece menos riscos ao bebê.

 

Dra. Kelly Marques Oliveira

CRM: 145039 

Pediatra e Consultora Internacional de Amamentação (IBCLC)

Site: www.pediatriadescomplicada.com

 

Referências:

Sociedade Brasileira de pediatria: Manual do Departamento de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, 2012.<http://www.sbp.com.br/src/uploads/2012/12/am_e_ac1.pdf>

Instituto de Desenvolvimento Infantil: <http://www.institutoinfantil.com.br/especialista-explica-quando-e-porque-deixar-de-oferecer-a-chupeta-e-a-mamadeira-ao-seu-filho/>

 

 

 

 
 



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