Minha filha está com corrimento, e agora?

17/5/2016        

 

A contaminação se dá pela má higiene íntima e a baixa imunidade para combater os agentes infecciosos

 
As meninas durante a infância podem adquirir a vulvovaginite, mais conhecida popularmente como corrimento vaginal. Embora seja um sintoma recorrente, pode passar despercebido pelos pais e requer atenção pediátrica. A principal causa para o corrimento em torno dos 8 anos de idade é má higienização íntima, pois já costumam tomar banho sozinhas e realizar a própria limpeza. 
 
No estudo realizado pela Revista Pediatria Moderna: Vulvovaginite na infância e puberdade os pesquisadores ressaltam que os corrimentos são comuns entre as crianças, pois possuem a vulga desprotegida e os lábios genitais ainda não desenvolvidos totalmente, assim como os coxins de gorduras localizados na raiz da coxa e a ausência de pelos  que contribuem para a proteção da genitália. 
 
Durante a infância as crianças costumam brincar em caixas de areia contaminadas, não higienizam as mãos corretamente e possuem o hábito de limpar as partes íntimas de trás para frente, fatores que podem facilitar a proliferação das bactérias. Leia também: Vulvovaginite- doença infecciosa que atinge diversas mulheres.
 
A ginecologista Dra. Rosa Maria Neme diz que uma das causas para esse tipo de contaminação na infância é em decorrência do trato gastrointestinal e pela baixa imunidade. De acordo com a médica os principais sintomas iniciais da implicação são: coceiras frequentes na área genital e o próprio corrimento. “Recomenda-se lavar bem as peças íntimas das crianças e eventualmente fervê-las. O uso de sabonetes íntimos infantis também são recomendados”, pontua a especialista. 
 
Vale ressaltar que o corrimento pode desaparecer a partir da higiene adequada e recomendações médicas. Fique atento se notar na calcinha da criança um líquido de cor esverdeada e com odor desagradável. Para identificar a causa dos sintomas alguns especialistas realizam coletas genitais. O procedimento é realizado pelo médico de modo indolor e sem causar qualquer tipo de alteração no hímen. O material é recolhido para análise sobre a possível presença de bactérias e a melhor forma de deter os agentes. “Normalmente utilizam-se antifúngicos, antibióticos orais e tópicos ou banhos de assento com antissépticos”, recomenda a ginecologista. Leia: Infecção urinária em crianças, como prevenir?


Como realizar a higiene íntima da criança no dia a dia e combater infecções:

  • Mantenha as unhas sempre limpas e cortadas. Reforce sobre a higienização e lavagem necessária, antes e após usar o sanitário, pois as crianças costumam se esquecer;
 
  • Certifique-se em casa se a criança está realizando a higienização íntima corretamente, pois na escola fará sozinha. Oriente que a limpeza deve ser feita da frente para trás e não o contrário. 
 
  • Para higienização da criança dê preferência para os sabonetes íntimos, pois possuem pH equilibrado ideal para região da genitália;
 
  • Opte por calcinhas de algodão;
 
  • Troque as roupas íntimas no mínimo duas vezes ao dia;
 
  • Evite abafar a região quando a criança apresentar os sintomas e estiver tratando, suspenda o uso de meia-calça e calças abafadas;
 
  • Supervisione após o banho se a criança fez a higiene correta. Exemplo: se removeu uma espécie de massinha branca que fica em torno das dobras da vagina. Essa secreção ao se acumular pode causar coceiras e mau cheiro. 

Realizar o banho de acento:
 
Despeje uma pequena quantidade do sabonete líquido neutro e destinado para crianças numa bacia com água morna. Deixe a criança sentada de 10 a 15 minutos. A proposta é menos agressiva ao pH da vagina ao ser comparada com alguns métodos caseiros, como vinagre ou bicarbonato. 
 
Ao notar os sintomas procure imediatamente a orientação de um pediatra ou ginecologista para dar início ao tratamento que é simples e pode ser solucionado com medidas preventivas. 
 
Referências: 

Revista Pediatria Moderna, Vulvovaginite na infância e Puberdade: http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=3056
 
 
Dra. Rosa Maria Neme, Ginecologista (CRM-SP 87.844)
Diretora do Centro de Endometriose São Paulo



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