A ação da adrenalina autoinjetável na reversão de reações anafiláticas

4/4/2016        

 
 

O ABAIXO-ASSINADO CRIADO PELA ASBAI SERÁ ENTREGUE À ANVISA E AO MINISTÉRIO DA SAÚDE AINDA NESTE MÊS


 
Em outubro de 2015 foi criado o abaixo-assinado Precisamos de adrenalina autoinjetável no Brasil. A iniciativa para a criação deste documento partiu da ASBAI (Associação Brasileira de Alergia e Imunologia) e atualmente conta com mais de 11.900 apoiadores. 
 
O abaixo-assinado chama atenção para a gravidade da anafilaxia que pode acometer qualquer pessoa que sofra de algum quadro alérgico e, tem como objetivo mobilizar o Presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e o Ministro da Saúde para a questão da liberação da adrenalina (epinefrina) autoinjetável no Brasil, que é uma maneira comprovada cientificamente na literatura médica, para reverter quadros de anafilaxia — que se não forem controlados a tempo, podem levar a óbito.
 
O estudo Anafilaxia no Brasil (2010), reúne levantamento (de setembro de 2005 a outubro de 2007) entre os alergologistas brasileiros, membros da ASBAI, sobre novos casos de pacientes que passaram por quadro de anafilaxia.
 
Em determinado momento da pesquisa, verificou-se que em serviços de emergência, apenas em um pequeno grupo de pacientes foi aplicada a adrenalina, mesmo diante da intensidade e gravidade das reações. 
 
Para a alergista, Elaine Gagete Miranda da Silva,  o resultado dessa “resistência” à aplicação da adrenalina pode estar na falha no treinamento da doença em muitas faculdades de Medicina: “Somos poucos alergistas no Brasil, muitas faculdades nem têm uma cadeira específica para essa disciplina e pode ser que o colega saia de sua formação sem a devida ênfase nesse problema."
 
A médica esclarece que por essas falhas quanto ao treinamento sobre o problema da anafilaxia, por exemplo, é que a ASBAI (Associação Brasileira de Alergia e Imunologia), se esforça para levar educação médica continuada por meio de cursos, palestras, treinamentos etc. Periodicamente cursos práticos são oferecidos para médicos em parceria com o HCor (Hospital do Coração), com a finalidade de preparar os profissionais de saúde para lidar com situações críticas de parada cardiorrespiratória, anafilaxia e casos de asma grave:
 
 
“São situações de extrema gravidade e os médicos precisam de treinamento. Precisamos falar constantemente que a adrenalina é o único medicamento que salva pacientes com anafilaxia e a demora na aplicação pode levar a quadros muito mais graves e talvez irreversíveis”.

 

A ANAFILAXIA  E  A LUTA PELA LIBERAÇÃO DA ADRENALINA NO BRASIL

 
 
Segundo a pesquisa Hipersensibilidade imediata: uma revisão sobre anafilaxia, a anafilaxia é a reação sistêmica de hipersensibilidade imediata que se caracteriza por edema (inchaço) em vários tecidos e queda na pressão arterial após um processo de vasodilatação. O alérgeno (picada de inseto, contato com látex, determinado alimento etc.), ativa os mastócitos em muitos tecidos, o que resulta na liberação de mediadores que atingem os leitos vasculares em todo o corpo. Ocorre redução no tônus vascular e o vazamento de plasma provocado por conta dos mediadores, o que pode levar à queda da pressão arterial ou "choque”, conhecido também como choque anafilático, frequentemente fatal. 
 
Ainda de acordo com a pesquisa, a administração tardia de adrenalina está relacionada com a reversão sem sucesso do choque anafilático. 
 
Ter a adrenalina autoinjetável à disposição é fundamental para devolver a qualidade de vida para quem sofre de anafilaxia. 
 
A especialista enfatiza que é fundamental continuar a luta para que todos os profissionais da saúde saibam sobre a extensão do problema e seu tratamento, para que haja a medicação correta disponível a todos os brasileiros que necessitarem e, ainda assim, a médica estende o alerta sobre a importância de que se persista na batalha contra o problema e relembra que hoje existe o DEA (desfibrilador externo automático) em estações de metrô, escolas e em diversos locais públicos — resultado da luta da Sociedade de Cardiologia que se fez ouvir sobre o fato de que em casos de infarto seria essencial ter esses aparelhos disponíveis:
 
“Precisamos de adrenalina em lugares onde há muita concentração de pessoas. Atualmente, em países desenvolvidos, a adrenalina autoinjetável já faz parte do kit de sobrevivência de escolas, restaurantes e até de aeronaves. Estamos muito atrasados nesse quesito aqui em nosso país”.


A médica alergista e coordenadora do Grupo de Anafilaxia - ASBAI, esclarece que o abaixo-assinado será entregue no início de abril e os documentos serão encaminhados nas próximas semanas à Anvisa e ao Ministério da Saúde.

É fundamental que a mobilização em prol da liberação da adrenalina autoinjetável no Brasil não cesse. 
 
 


 
 
 
Elaine Gagete Miranda da Silva - Médica alergista - Coordenadora do Grupo de Anafilaxia - ASBAI (Associação Brasileira de Alergia e Imunologia)



 
 

 Fontes


Anafilaxia no Brasil – Levantamento da ASBAI. 2010. Realizado por: Luiz A. G. Bernd (RS); Fernanda Fleig (RS); Manoel B. Alves (SC); Rosangela Bertozzo (MT); Magna Coelho (MG); Joaquina Correia (MG); Giovanni M. S. Di Gesu (RS); Regina W. Di Gesu (RS); Mario Geller (RJ); João Mazzolla (RS); Celso H. de Oliveira (SP); Dória S. A. Peixoto (ES); Emanuel Sarinho (PE); Elaine G. Silva (SP): www.sbai.org.br/revistas/vol335/anafilaxia_brasil_33_5.pdf

Hipersensibilidade imediata: uma revisão sobre anafilaxia. Realizado por: Renan Alves Lopes; Leandro Silva Pivato: periodicos.unicesumar.edu.br/index.php/saudpesq/article/view/1722/1564


 



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