Ces�rea, parto normal e parto natural: qual o mais seguro?

6/9/2016        

 Obstetra aponta os riscos em casos de cesáreas sem critério clínico


Com a crescente procura por cirurgias cesarianas pré-agendadas nas clínicas médicas, e muitas vezes sem nenhum tipo de critério médico estabelecido, o Conselho Federal de Medicina (CFM) aprovou em junho de 2016 um novo regulamento que impõe limite mínimo de 39 semanas para propor a cirurgia à paciente. A medida visa combater as cesarianas desnecessárias que podem interromper a formação biológica adequada para saúde e desenvolvimento do bebê. 
 
“A intervenção obstétrica no momento inapropriado causou um grande número de complicações, principalmente para a parte respiratória dos bebes”, afirma o obstetra DR. Paulo Cossi. Segundo o médico, após o trigésimo nono mês de gestacional é garantido que ocorra a formação adequada dos órgãos respiratórios, sobretudo a maturidade pulmonar da criança. 
 
 
A cesariana quando aplicada em casos que não há necessidade pode implicar numa série de complicações para a saúde da mulher. O obstetra cita alguns exemplos: 
 
-Maior risco de infecções no útero e na parede abdominal (local da cirurgia).
 
- Problemas relacionados à anestesia: mesmo que raros, podem ocorrer, como a dor de cabeça depois da raquianestesia (cefaleia pós-ráqui) e reações alérgicas aos medicamentos. 
 
-Trombose de veias no pós-parto: é mais frequente entre as mulheres que se submeteram a cesariana do que as que tiveram parto normal. Mas, deve-se ressaltar que é um fator que todas as mulheres neste período estão em risco, independentemente da via de parto. 
 
-Traumas cirúrgicos: são raros quando o procedimento é bem realizado. No entanto, quando a gestante já se submeteu a várias cesarianas ou outras cirurgias previamente, este risco aumenta bastante. 
 
-Aumento de problemas em gestações futuras: os maiores riscos estão relacionados à implantação da placenta, as chamadas placentas baixas. 

Parto humanizado é realmente a melhor opção para saúde da mãe?
 
Assim como a ausência de critérios para a realização das cirurgias cesarianas, o despreparo no momento do parto e a ausência de intervenção médica quando necessário pode tornar um grande risco para a vida da mãe, como exemplo o “parto humanizado”, que se tornou sinônimo de prática saudável disseminado em vários canais na internet.
 
De acordo com estudo divulgado em New England Journal of Medicine, os bebês que nascem fora dos hospitais ou em centros de “parto humanizado” estão expostos 2,4% a maiores chances de morte, quando comparado aos nascimentos em hospitais. 
 
O que é parto humanizado? 
 
O parto natural consiste no nascimento sem intervenções médicas, como anestesia, analgésicos ou substâncias que auxiliam as contrações. O procedimento requer preparo e controle do corpo. A mãe costuma ter participação ativa na hora do nascimento, pois está exposta a dor e ao desconforto para dar a luz ao filho. O nascimento natural é uma prática que ocorre tanto em casa, como também em hospitais. O obstetra aconselha que não se deve banalizar  a cesariana, assim como menosprezar o risco dos demais nascimentos que incluem o parto normal e o domiciliar.
 
“As medidas radicais que são adotadas por profissionais da área obstétrica, tem de outra forma colocado em risco os bebês e as genitoras”, adverte. 
 
No entanto, cada caso deve ser avaliado de acordo com os critérios médicos que asseguram a saúde da mãe e do bebê, levando em conta principalmente, o bom senso, considera o obstetra. Leia também: Voltando ao corpo normal depois da gravidez. Saiba mais sobre os sintomas da gravidez .
 
Participação do ginecologista e obstetra Dr. Paulo Cossi
Mestre em Ciências da Saúde pela UNIFESP
 
Referências:
 
http://veja.abril.com.br/blog/cacador-de-mitos/saude/mortalidade-do-parto-em-casa-e-24-vezes-maior-que-no-hospital/



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