Palestrante aponta dicas para ser mais feliz no trabalho

28/6/2016        

 

O profissional do século 21 precisa ser bom tecnicamente e bom de coração, afirma a consultora 

  
Pode não parecer, mas a saúde emocional está entre as principais causas do afastamento do emprego. A Previdência Social aponta que assim como os traumas físicos, luxações comuns em trabalhadores da construção civil, a depressão e a ansiedade no ambiente de trabalho trazem também consequências sérias para saúde. 
 
Cobranças do chefe e dificuldades de relacionamento com os colegas de trabalho são os principais fatores que implicam na saúde emocional do trabalhador. Mas afinal, como lidar com um gestor difícil? Como utilizar a inteligência emocional a nosso favor e driblar as situações estressantes no dia a dia? 
 
A consultora profissional e palestrante Vania Ferrari é também autora do livro “Crônicas do Bizarro Mundinho Corporativo”, ao longo dos 29 anos de experiência no mercado de trabalho Vania encontrou no setor uma paixão: inspirar pessoas a trabalhar de forma saudável e feliz. Confira as orientações dessa expert em comportamento saudável no ambiente de trabalho: 

 
Quais são as diferenças entre o profissional chato e o exigente? 
 
Há uma grande diferença entre estes dois perfis. O profissional exigente usa de técnicas de gestão como follow up, feedback, planejamento estratégico, controle da operação e gestão de pessoas. Por isso, ele sabe exatamente o que pediu e como cobrar. Sabe a hora de atuar e todos adoram um líder exigente, que inspire a crescer. Já o chato não usa técnica, mas sim o péssimo hábito de expor os colaboradores na frente dos demais. Usa de piadinhas e artimanhas para falar de assuntos sérios, pois não tem autoridade legítima sobre o time. Tem apenas um crachá. A diferença de resultados é gritante.  
 
 
Ao longo da sua carreira teve experiência com profissionais difíceis?
 
Eu sofri assédio moral quando este termo nem havia sido criado. Tive um diretor que gritava, atirava bolas de papel e clipes em mim, além de costumeiramente bater o telefone na minha cara e me ofender na frente dos outros. Passei três meses sofrendo todo tipo de humilhação, mas eu queria muito entrar nessa empresa, então suportei o quanto pude, sempre enfrentando e dando feedback para este diretor. Até um dia, não pude mais suportar e fui até a diretora de RH da empresa e pedi demissão, relatando o que acontecia comigo. Foi feita uma apuração dos fatos e constatou-se que este diretor era realmente uma pessoa descontrolada, beirando a psicopatia. Ele foi demitido sumariamente, mesmo com ele tendo anos de empresa e eu apenas três meses.
 
Essa experiência agregou em algo na sua vida profissional?  
 
Esta história me fortaleceu e até me guiou até meu trabalho atual, que é o de treinar e desenvolver equipes e líderes, pois desejei que ninguém mais no mundo passasse pelo que eu passei. Hoje sou responsável pela formação de profissionais que sabem que respeito, empatia, compaixão, alegria, leveza e amor são elementos tão importantes, quanto os cursos técnicos. O profissional do século 21 tem que ser Bom & Bom. Bom tecnicamente e Bom de coração.
 

Pessoas que possuem uma relação complicada com o gestor, qual a melhor forma de resolver o problema?
 
Feedback claro, honesto e verdadeiro. Não há jeito mais fácil, como:
 
1) Escrever o que você vai dizer, preparando-se com exemplos de coisas que realmente aconteceram e como se sente;
 
2) Buscar ser claro e transparente na explanação, sem fazer rodeios e indo direto ao ponto;
 
3) Garantir que a conversa seja construtiva e gere mudança no comportamento de todos os envolvidos;
 
4) Buscar concluir com um compromisso de mudança, que permita crescimento profissional e pessoal. E, por fim, agir com honestidade e profissionalismo, mesmo nas conversas mais difíceis. 
 

O que pode gerar conflitos no ambiente coorporativo?
 
Vivemos um momento da história do Brasil em que as pessoas que não sabem lidar com opiniões diferentes das suas, acabam eliminando as chances de crescer, de aprender e de se tornarem mais inteligentes intelectualmente e emocionalmente. Saber ouvir a opinião do outro e buscar argumentos sólidos para suas próprias opiniões são imprescindíveis. Precisamos ganhar as batalhas com sabedoria e não no grito. Na empresa é a mesma coisa. Você encontrará pessoas que são o oposto de você em todos os sentidos: nas crenças, no time de futebol, na orientação sexual, na religião e na posição política. Também no jeito de ver o trabalho, de iniciar um projeto, de dar significado à missão, à visão e aos valores da empresa.

 
O que torna o ambiente de trabalho mais saudável e feliz?

Respeito às diferenças. Busque ouvir o outro e encontrar pontos de concordância. Estamos na empresa para que ela seja mais produtiva, rentável e feliz. Se focarmos nisso, a forma como vamos entregar o projeto pode ser discutida com foco na solução. Assim, nos tornamos pessoas melhores, mais saudáveis e mais produtivas. Consequentemente, mais felizes.
 
 
Vania Ferrari, especialista em Treinamento e Desenvolvimento Organizacional
Consultora, escritora e palestrante



comentários