Doença comum após quadros de otite média aguda, não apresenta sintomas, portanto os pais precisam atentar-se
A otite média é uma infecção bastante diagnosticada por pediatras. Nos Estados Unidos, as implicações no ouvido representam cerca de 25 milhões de diagnósticos ao ano. As causas para a otite entre as crianças são variadas, como possível refluxo gastroesofágico, desmame prematuro, entrada precoce em creches, e outros.
A otite média secretora merece alerta, pois não causa dor e os sintomas podem passar despercebidos pelos pais, o que leva a possível perda da audição e dificuldades no desenvolvimento da linguagem. A principal queixa da criança maior é a diminuição da audição e sinais de “orelha entupida”. A criança menor pode apresentar algum tipo de retardo na linguagem.
A secreção decorrente desse tipo de otite é comum após episódios de otite média aguda. Para esses casos, uma das alternativas de tratamento é a miringotomia. O otorrinolaringologista, Dr. Hugo Leite, explica que no procedimento cirúrgico é realizada uma perfuração na membrana timpânica e o possível encaixe de um “tubo de ventilação” no local.
“A otite secretora é uma otite crônica inflamatória, porém não infecciosa, em que há um fluido preenchendo a orelha média que prejudica a audição”, completa.
De acordo com artigo publicado no Jornal de Pediatria existem fatores que podem elevar as chances da acomodação dos hospedeiros responsáveis pela otite, tais como:
Idade
Pesquisa no setor alerta que quanto mais cedo a criança apresentar os sintomas de otite média aguda, maiores são as chances de repetir os
sintomas e até mesmo sinais da otite secretora. Os pais devem atentar-se entre as faixas de 6 e 17 meses de vida, em que ocorrem os primeiros sinais da implicação;
Fatores genéticos
A pré-disposição familiar também deve ser avaliada em casos de otite com repetição. Pacientes com otite média repetida tiveram, geralmente, pais ou irmãos que em algum momento apresentaram o quadro;
Posição durante a alimentação
Há diversas evidências de que a amamentação, sobretudo nos seis primeiros meses de vida diminui as chances de otite na infância. O aleitamento auxilia na formação do desenvolvimento da musculatura facial e na drenagem da tuba auditiva. Por outro lado, o posicionamento inadequado durante a amamentação, assim como ao mamar na mamadeira, pode acometer a otite média. O ideal é que a alimentação, por meio do seio ou mamadeira, seja inclinada e o mais próximo da posição sentada possível.
Permanência em creches
É comum crianças no período em que vão para as creches apresentarem os sintomas de otite média, afirma o artigo da Sociedade Brasileira de Pediatria. Estudos sugerem que a permanência das crianças em creches e a convivência na mesma sala com outras aumenta as chances de infecções, sobretudo antes dos três anos de idade. Um número reduzido de crianças por sala, ambientes limpos e arejados atuam no combate à doença;
Quando é indicado inserir o tubo de ventilação por meio da miringotomia?
-Em casos de otite média secretora crônica assintomática, sem melhoras durante o tratamento clínico;
-Quando há perda auditiva maior do que 20 dB;
-Sinais de retardo na fala e no desenvolvimento da linguagem;
-Sintomas de vertigem, desequilíbrio e zumbidos;
-Crianças com deficiência auditiva e que apresentam piora decorrente da otite média secretora.
Otite causada por obstrução das vias respiratórias
Há crianças que apresentam obstrução nasal decorrente da hipertrofia das adenoides, o que pode ser indicado à adenoidectomia. Estudos na área comprovam que as adenoides pequenas podem ser associadas às infecções no ouvido médio, pois acumulam germens e antígenos.
“Muitas vezes a adenoide fica hipertrofiada, grande demais, a ponto de prejudicar a respiração e também obstruir as tubas auditivas. Assim, favorece o aparecimento das otites. A remoção da adenoide pode ser feita para evitar a recorrência dos episódios de otite média”, esclarece.
As cirurgias serão avaliadas pelo especialista para cada caso específico. Ao notar sinais de que seu filho possui dificuldade auditiva e no desenvolvimento da linguagem, sobretudo após episódios de otite, procure auxílio de um médico otorrinolaringologista. A otite secretora quando não tratada pode causar perda auditiva irreversível e dificuldade cognitiva, comprometendo toda a vida social da criança. Leia também: Por que o meu filho ainda não fala?
Participação do Dr. Hugo Leite, otorrinolaringologista
Especialista em Medicina do Trabalho
Referência:
Jornal de Pediatria: http://www.jped.com.br/conteudo/98-74-S21/port_print.htm
